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Foto do escritorSarah Lima

Vidente no banco




O sol começava a anunciar que não era apropriado mais estar exposto a ele no centro de Belo Horizonte. E algumas pessoas estavam bem acomodadas dentro do banco, usufruindo do bom ar gelado. A espera ali lembrava um pouco a morte. Seres que aguardavam o atendimento, segurando uma senha e no semblante a desesperança saudava a cada novo indivíduo que chegava. Uma reunião deprimente.


Entre eles uma senhora de cabelos escuros e uma mecha branca sobressai ou melhor levita. A mulher possuía um dom: ver o futuro. A vidente profissional conseguia ler na mão e através do seu óleo essencial quais eram seus “problemas”.


Algumas dores dela se sobressaem. Não leitor, eu não sou advinha. A vidente anunciava sem restrições parte da sua vida. A solidão parece ser a principal questão, tanto é que ao se deparar com um ser que a escuta ela não para. E nem consegue ler no mundo espiritual que sua fala é solitária.


O mais tenebroso desse diálogo é ver que o seu “dom” parece ajudar só os outros. Ela mesma parece clamar por ajuda. Mas quem vai dizer que a vidente precisa de auxílio? Muitos a temem ao imaginarem seus segredos sendo revelados.


E ela não pede ajuda aos seres humanos, prefere clamar pelos moradores do planeta Marte. Que parecem lentamente ajudar com sua dor em uma de suas mãos. O futuro para ela não parece ser desvendado neste mundo. Resta aguardar a senha para a transição.

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