As primeiras chuvas de dezembro começam a chegar em Belo Horizonte. Com a sombrinha eu aguardo a chegada do carro para estar em casa logo. Checando a placa, nome, cor do carro eu entro no veículo. Ajeito as sacolas e relaxo no banco do passageiro.
O motorista no caminho passa pelo posto de gasolina, pensa em abastecer. Mas não tem combustível no estabelecimento. Continua dirigindo. Atravessa várias ruas e na descida de uma via o carro vai morrendo. Os sinais foram rápidos e bem bruscos. Com muito custo o piloto estaciona o carro. Até pergunta se eu desejo chamar outro carro. Não. Vou esperar para ver o final da história.
Motivo do óbito: a filha dele saiu com o carro na noite anterior. E desta forma, os cálculos sempre feitos pelo homem saíram do controle. O carro não tem condição nenhuma de sair do lugar, o jeito é o motorista ir ao posto usando seus pés e claro munido de um galão. Passo alguns minutos dentro do veículo sozinha, vem a vontade de dormir misturada com o medo de ser assaltada. E também o pensamento: será que vou chegar em casa logo?
Não demora muito e o motorista chega, molhado ao pegar chuva. Mata a sede do carro e dá a partida. E aí vem a história. O veículo que estamos bebe muito, desabafa ele. E ainda não pertence ao mesmo, o carro é de uma parente. Como ele chegou nessa situação? O senhor foi demitido de uma empresa de ar condicionado e também como imprevisto da vida o motor do seu carro parou. Para não deixar a família na mão, ele teve que virar motorista de aplicativo. E pegar um carro emprestado para voltar à luta da sobrevivência.
Sempre buscando dar um jeito e não morrer de fome, o homem parece ter experiência em não ficar parado. O carro dele em breve vai estar nas ruas, só que desta vez ele vai atender seus clientes que estão com o “ar” em falta nas casas e empresas. Os primeiros socorros parecem perseguir o homem salva vidas.
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