Na madrugada dois sons característicos do bairro "vizinho" do centro de Belo Horizonte não costumam falhar: o sino do Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora da Conceição dos Pobres alertando das horas e o "sinal" no Terminal Rodoviário Governador Israel Pinheiro que dá "aquele toque" que o ônibus já vai partir.
Interessante que esses dois sons exercem a mesma finalidade: estão alertando que o tempo sempre passa. Posso dizer que é mágico a dizer pela distância principalmente do terminal à minha casa. A antemanhã tem seu poder de elevar as vozes da cidade tarde da noite.
Ao ouvir numa noite dessas a chamada do tempo sempre me transporto para as viagens que fazia quando era criança. A rodoviária sempre foi um lugar de alegria pra mim. E essa empolgação toda se dava por conta do destino que sempre ia nas férias: Rio de Janeiro. Até hoje é o meu lugar preferido em Belo Horizonte por conta disso. Quando estou na rodoviária (até mesmo com passeios sem esperar o embarque) eu revisito minha história. Já em casa da minha janela eu avisto o ponto de chegada e partida de tantas pessoas. Sempre que eu vejo aquela edificação meu ser se enche de alegria: a partida de vez um dia vai chegar!
Essa partida pode ter várias rotas, sejam elas de estado, cidade, país ou mesmo de corpo. Parar um pouco e pensar no tempo que se está vivendo é saber que a qualquer hora vai haver um toque de embarque. E está atento nas escuras noites é algo que cerca aqueles que aguardam a partida triunfal de um mundo que foi passagem.
Comentários