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Foto do escritorSarah Lima

Paçoca


O doce que é uma espécie de farofa açucarada é irresistível para muitos. Grudar no céu da boca e ir demorando com o sabor do amendoim é um deleite.

O nome da iguaria tem a sua origem no termo indígena PA-SOKA que significa "esmagar com as mãos". O significado ilustra o preparo do doce que é pressionado no pilão.


O papo de hoje é de apertar o peito e causar uma espécie de sufocamento. Se prepare respirando fundo. Eu presento à vocês a ansiedade encarnada em um cachorro SRD (sem raça definida) que leva o nome do doce de amendoim.


Paçoca tem uma doença infecciosa que não permite que ele se misture com os demais cães que estão na internação de uma clínica veterinária.

Seu isolamento é necessário. E parece que a socialização não é o forte dele.


Ao entrar um dia desses na área de quarentena para conferir fichas clínicas dos animais internados lá estava ele se exaurindo de tanto latir. E ele não parava um instante. Nem cogitei a tentar silenciar, pois sua natureza canina seja lá por qual motivo não é domada. O cachorro nada doce possui a designação de ser a agonia infinita.


Nos segundos em que estava dentro da sala isolada me via dentro de mim mesma nos momentos em que existia minhas crises de ansiedade. Havia um Paçoca em aflição gritando dentro da minha alma. E eu não conseguia amansar o afogamento de emoções que passava por todo o meu corpo. Aprendi então a estar naquela sala e deixar o Paçoca gritar sem fim, pois a ansiedade na maioria das vezes é incontrolável. E o jeito é continuar no meu tempo fazendo o que for preciso e esperando até que o frenesi se cale na hora dele. Nem que pra isso eu tenha que sair de mim mesma para adentrar outras salas.




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