Fique em casa! Use máscara! Lave as mãos! Passe álcool! Evite aglomeração! Trabalhe em casa! Tantas recomendações que parecem o manual de sobrevivência para existir, manter-se vivo e evitar a morte. Evitar a morte! Tem gente que acredita mesmo que pode afastar a morte, ou melhor, reagendar a data em que vai sair deste mundo. Como explicar para as famílias que perderam o ente querido? Será que elas não ficaram atentas a premonição? Será que mesmo dentro de casa acabaram desrespeitando alguma lei da quarentena?
Engraçado, ouvi muito ao longo da minha vida: para morrer basta estar vivo. Nós não temos controle da data em que o folêgo de vida será tirado de nós. É uma ilusão tremenda acreditar que o poder da vida e da morte está em nossa mão. Se fosse assim, como explicar para o bebê recém nascido que sua mãe morreu no parto? Como contar para a mulher que seu esposo não resistiu e se foi? O ano de 2020 nos ensinou que a morte é real e que se você vive como se ela não existisse você não valoriza o hoje. Ter consciência da morte deveria ser como um lembrete no seu celular ou no espelho. Lembrando você de que ela tem data pra chegar e que você não deve deixar de viver por medo dela. Seus familiares vão morrer um dia se alguém não te contou, ou se você vive em uma bolha e ignora isso. Pensar na morte é valorizar as pessoas e dizer o que não cabe nos discursos do funeral. Os ouvidos de quem precisa ouvir já vão estar desconectados deste mundo.
Muitos colocam datas e vislumbram o dia da realização dos seus sonhos. Dão “pause” na vida e vivem no mundo das ideias. Não arriscar e fazer escolhas por medo só prejudicam você a se transportar para lugares diferentes e com novas possibilidades. Se esconder atrás do medo só te afasta dos sonhos, que são tão seus como sua digital que a terra vai comer quando você deitar pra dar aquele cochilo de transição para o outro mundo.
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