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Foto do escritorSarah Lima

O Posto Brasil

O calor era persistente, ainda mais sendo 13h da tarde quando o sol começa timidamente a sair do centro das atenções.

Minhas pernas a queimar, pelo visto a caminhada estava pesada para alguém que nem se quer pratica atividade física. Tá aí uma das metas do ano: fazer academia.

Coçando minha coxa eu prossegui ao meu destino do dia: o posto de saúde. Minha missão era pegar a receita da minha mãe. Com identidade e a carteira do posto fui atravessar o mar de habitantes que escolheram ou melhor foram atraídos por doenças da vida por algumas horas ao posto médico.

Cheguei procurando a enfermeira que me ajudaria nessa tarefa. Depois de perguntar duas atendentes chego na sala de "aguarde, o tempo que for preciso".

Entrei na encubadora de pessoas com semblantes de quem chegou de uma guerra. Mas, viver não é sobreviver? Ainda mais com a inflação e os cortes forçados pelo momento.

Na parede um cartaz alertava para o zika vírus e a microcefalia. No canto próximo ao bebedor estava uma maquete de duas casas: uma com dengue e a outra quase extinta sem foco do mosquito. Por instantes comecei a imaginar os sintomas.

Uma criança brincava no chão do posto como se tudo estivesse bem. A população in loco parecia desacreditada de tudo. Uma senhora cochila abraçada com sua bolsa e uma outra colocava sua sacola para guardar o lugar da velhinha que levantou e em passos de câmera lenta chegava a fonte de água...um bebedor que saia H2O com dificuldade. Pensei no crescimento do PIB para esse ano.

O local estava quente, resolvi ficar na porta para pegar ar fresco e fugir daquele ambiente de desesperança. Cheguei a comentar com uma senhora do clima... Paris decide

sediar o acordo do globo quente, e o calor se reúne aqui.

Ao avistar a atendente decido sair da porta e ficar próxima dela, para ouvir quando ela me chamasse. Dou dois passos entrando na sala... Sinto a quentura, o ar parece escasso, minhas pernas decidem fazer um mergulho no chão e derepente perco a visão. Ouço uma mulher perguntando: você está passando mal?

Respondo sem força: sim, eu estou cega.

Percebo que os tripulantes me seguram quando meu corpo desliza. Eles perguntam se estou sozinha. Me colocam no banco da embarcação e a salva-pacientes me orienta a abaixar a cabeça para respirar. Com os olhos abertos sem enxergar nada eu abaixo minha cabeça, faço minha oração whatsapp e penso: Que lugar é esse hein?! Venho pegar a receita e pego uma doença. Meu Deus será que é dengue? Será meu fim?

Começo a suar frio, minha visão nada de voltar. Penso: Minha última visão antes de morrer vai ser no posto que falta saúde?

Começo a ver uma luz surgindo aos poucos nos meus olhos...e um copo de água flutua em minha direção.

Bebo aquele líquido e volto para a realidade do posto.


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