Sujo, rejeitado e mal cheiroso. São algumas das características do bairro Bonfim em Belo Horizonte. Até a década de 40 o único cemitério que existia na capital era aqui. Considerado antigamente como um local de boêmia, hoje é uma lata de lixo esparramada. O lixo está por toda a parte em uma das praças, local que catadores utilizam para separar o que vai render dinheiro.
Os antiquários tornam Bonfim ainda mais histórico. Por vezes a sensação é que essas lojas são portais do passado. Hoje andando para chegar a um compromisso me deparo com um senhor em frente a um desses. Ele me cumprimenta devagar e pergunta se hoje já era feriado. Informo que não, o dia do descanso será amanhã. O ancião agradece a gentileza e minha atenção ao responder sua dúvida. Sigo minha rota e deixo o senhor.
Uma vida tão distante que não está ligada nas notícias diriam alguns. Sofre de falta de memória? Penso que aquele senhor já não se preocupa com planos para uma data especial. Ele vive para alguns de forma lenta. Não sabem de nada. Sua vida parece escondida em tempos de aceleração e muito curtir. O velho homem está caminhando sem pressa de se chegar a um determinado destino. O passado o cerca pelas antiguidades, o presente estava diante dele em uma conversa breve, já o futuro...ele não é tão certo nem para o vovô nem para ninguém.
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