Imagina aquela praia que parece que foi guardada a vida toda. Suas águas são cristalinas...a areia fina e branca. Vazia e silenciosa. Os nativos são perfeitos, eles voam e celebram a vida nos detalhes. A praia pequena, mas suficiente. Uma porção do céu na terra. A brisa toca não somente sua pele, penetra sua alma com uma paz que está além de tudo o que os seus olhos podem ver. E você deve estar se perguntando: esse lugar existe? Sim. E se chama Praia do Forno, localizada em Arraial do Cabo, região dos Lagos no Rio de Janeiro.
Se você é novo por aqui já fica o lembrete: o Rio carrega uma beleza que encanta a alma. Passar um tempo na minha cidade favorita é ver parte do paraíso, como passear na criação do mundo. Aiiii tanto amor explode. Você deve saber que estar em boa companhia faz diferença. E eu estava com uma amiga chamada Aline. Tudo ali estava perfeito. Participar de um cenário desses é mais que um privilégio, se trata de viver um sonho. As conversas eram leves, o clima estava perfeito e tudo ali era especial. Nossa rotina se resumia em conversar na areia, banhar nas águas que traziam leveza e refresco em dias tão pesados. O mundo estava em colapso com o coronavírus, mas ali nada penetrava...estavámos em outro mundo.
Conhecer pessoas é sempre um dos presentes nas viagens. E uma mulher me marcou muito. Após um dia perfeito na praia tínhamos que ir para a casa. E para sair daquele paraíso tínhamos duas opções: pela trilha ou de táxi barco. E decidimos aproveitar para andar de barco. Imagina andar sobre as águas naquele cenário? Entramos no barco, eu e minha amiga. O barco parecia beijar o mar de forma que parte do casco, na minha perspectiva, estava mais da metade dentro das águas. Para quem não sabe nadar o medo vai cercando o coração. E sentindo o balançar das águas, fui ficando aflita quanto a possibilidade do barco virar. No dançar das águas parte delas entram no barco e uma mulher se desespera. Ela chorando e clamando se joga no chão da embarcação. Seu coração aflito está no centro das atenções e ela se rende ao medo. O medo agora escorre pela face e ela geme de desespero.
Eu que estava aflita e controlando meu medo decido ir de encontro a ela. Por instantes me vejo impelida a estar com ela. Levanto e vou ao encontro da mulher que se vê sozinha no barco. Ela se desliga e esquece que há pessoas com ela ali e um piloto na embarcação. Dou a mão pra ela e vou tentando ler o que o medo está provocando na alma e corpo dela. O barco balançava, ali meu intuito era acalmar o mar agitado da alma dela. Naquele instante vi Jesus e fui transportada para o Novo Testamento. Jesus acalmava a tempestade, Ele estava no barco e mostrava que o medo não deveria fazer parte daqueles que estavam com Ele.
Ao final da passagem do mar a mulher desce, agradece e pede desculpas pelo medo. Ela havia dito que nunca mais iria andar de barco e ali estava ela. Ela rompeu o medo mesmo estando com medo. Desci do barco sabendo que o medo é presente, mas ele não pode fazer parte da cena como protagonista. Tudo pode estar agitado do lado de fora, mas no mar do nosso coração tem alguém que acalma toda a tempestade. E fica uma reflexão: mesmo estando em um paraíso há momentos de tempestade.
Que descrição mais linda daquele momento !