Estava eu, na recepção, esperando a próxima cliente com seu pet para o banho semanal. Fluía nas mensagens enviadas com diversas dúvidas. Áudios de uma vida para explicar questões existenciais na rotina com o mascote. Tem de tudo e o que você nem imagina na mente dos tutores que encontraram no bichinho de estimação a companhia perfeita. Eles não falam, mas dizem tudo que querem.
E ela vinha com o celular conversando com a matriarca da família assuntos bem ascendentes da árvore genealógica. Com carinho e paciência, ela respondia gentilmente à avó quando a mesma perguntava de fulano de tal que a neta nem mesmo teve a oportunidade de conhecer: “Já morreu, vó!”.O tio tal, eu nem conheci.
A leveza de lembrar à avó que esses familiares já não estavam presentes no mundo. O interessante de ouvir a conversa dos outros é captar a resposta emotiva em quem responde. E essa mulher com uma delicadeza e simpatia respondia à avó que a morte já havia levado pessoas que agora só existiam no coração e na mente dela.
Neste coração que viveu amores, sofreu com frustrações, criou filhos e se relacionou, agora busca parte da história dela...em tempos de pandemia ela procura por notícias desses entes tão queridos por ela que parecem ter desaparecidos repentinamente. Uma mente que vasculha suas lembranças e quer reencontrar esses seres que marcaram sua vida. Ela deseja saber como eles estão, por onde andam e quais as novidades. "Já morreu, vó!”. Um assunto que está longe de acabar nas próximas conversas entre a avó e a neta.
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