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Foto do escritorSarah Lima

Imunidade à ignorância

Atualizado: 19 de mai. de 2020

Entrar no ônibus e já saber que está a caminho de casa dá uma sensação de alívio. E em dias de pandemia é uma daquelas pequenas coisas que temos que vencer todos os dias... principalmente se você está trabalhando e tendo que enfrentar os coletivos.


Como se não bastasse o perigo do contágio ao vírus do Covid 19, ainda temos que nos proteger de um vírus que leva muitos a sérias consequências ao longo da vida.


O ônibus estava cheio, considerando tempos em que se tem que evitar aglomerações ou ao menos deveria seguir as normas de segurança. Os operários que estavam exaustos de mais uma sexta de trabalho ainda lutavam em garantir um espaço no transporte. Éramos levados como frutas em uma cesta...empurrados de um lado para o outro e sacudidos a cada curva ou acelerada do motorista que desejava sair logo daquele trânsito congestionado. Alguns parecem amassados após mais um dia de sobrevivência.


Para evitar o contágio do mais conhecido Corona é preciso distância, limpeza e a devida prudência em usar a máscara. Ao contrário do Covid 19 a ignorância nunca passa despercebida....ela sempre marca presença e aponta os sintomas até mesmo aqueles que parecem imperceptíveis.


E lá estava ela...uma servente de obras após um longo dia de trabalho reclama em alta voz no ônibus de suas dores musculares, sociais, e do trabalho mal feito da construtora para a qual ela trabalha. Sem esconder ela cita o nome da empresa e descreve as gambiarras que já participou e até mesmo prevê o desabamento dos prédios. Um desabafo desses dá medo só de ouvir a previsão de mortes com o desastre. Mas ela parece não temer a morte, ela confortavelmente sentada de lado na poltrona do ônibus, conversa com um conhecido acompanhada com uma latinha de cerveja (ela bebe duas na viagem)....ela ri, fala palavrões que contaminam ainda mais o coletivo .... Isso sem falar das gotículas que em tempos de Coronavírus devem ser contidas através dos equipamentos de proteção individual.



A ignorância pode cegar aqueles que são contaminados por ela, a ponto de não verem que estão infectados mesmo com tamanho número de sintomas deste tão terrível vírus. A contaminada ainda grita e anuncia para aqueles que queriam ouvir e para os que não desejam estar naquele ônibus, que já proibiu os pais, que já estão no time da terceira idade de saírem na rua. E cospe a ameaça junto com sua saliva que sobrevoa todo o transporte público: “Eu mato quem passar Coronavírus para os meus pais!”

Mal sabe ela que a morte da prudência já cheira horrores e ela ainda não se deu conta de que talvez seu intelecto já esteja perdido no caixão da ignorância matando muitos com seu odor por onde passa. Proteja-se!




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