Em uma dessas sentadas na cidade de Belo Horizonte conheço a mulher Eva. De ânimo forte ela está ligada no relógio para não perder o embarque para sua viagem.
Sua distração com a viagem tem motivo: esquecer um pouco os problemas. E ver se os netos despioram. Eva é uma daquelas personagens que vive sofrendo na vida com os filhos e os netos. E não há esperança alguma em seus olhos de dias melhores. Ela caminha na força que dá e sobrevive.
Sem o apoio de um homem e de ninguém da família, Eva ajuda a filha a criar os netos. Os pequenos foram abandonados pelo pai e Eva deve ser a força da casa para apoiar sua filha que sofre de depressão. Luz no fim do túnel não existe aqui. Eva aprendeu a lutar sem contar com o tal dos dias melhores.
Tem muita bagagem e sabe que acreditar em coisas boas não cola. Eva ainda tenta dar um “jeito” no filho já adulto que só arruma confusão por conta das drogas. Ela bate e grita com ele, mas não resolve. Ela não tem a solução e não aguarda por resultados melhores. Eva só vive.
Em uma dessas confusões com o filho quase que ela é presa por bater nele. Suas palmadas queriam corrigir o filho que roubava. Ela se erguia e falava que não tinha posto filho no mundo para ser bandido. A correção adiantou? Até o momento tudo indica que não.
Eva segue fazendo um lanche rápido e apressando os passos para não perder o ônibus. A vida anda e seus problemas vão sendo levados do jeito que dá. Pelo visto Eva sofre muito com as dores de um parto eterno. E ela parece que se acostumou com a dor. Dói, mas vai levando. Eva sangra por dentro.
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