O calor excessivo é o fator marcante na pele e nos poros de qualquer pessoa que decide se aventurar no centro de Belo Horizonte. E já que falta o mar, o refresco fica por conta do ar condicionado. Aquele ar geladinho que provoca até sono de tão relaxante que é.
Ao aproveitar o frescor do ar artificial em meio ao verão no asfalto, enquanto aguardo o carro na porta do shopping me deparo com uma senhora. Ela aproxima já pedindo desculpa e suplicando por uma audiência breve.
Nas mãos estavam as borboletas brilhantes feitas de um material de borracha com bastante glitter. Elas eram rosas e roxas. Por apenas R$ 4,00 reais você ajudava a mulher a sobrevoar em meio a escassez que sua vida andava.
Os relatos de sua existência pareciam comuns, até o momento que ela compartilha de um medo estridente. O pavor de seu cachorro pegar carrapato. Havia ali uma preocupação excessiva com as patas do pet ao sair para um passeio na rua. Poderia ser mortal.
Todo trauma vem acompanhado de acontecimentos que foram pautados em abalos sísmicos tanto internamente como externamente. E ali estava a senhora preocupada com as possíveis doenças que seu pet poderia pegar. E não parava por aí, ela estava numa mania de limpeza com tudo na sua casa.
Tudo deveria estar tão limpo e tão arrumado que até aquela conversa começou a ficar certa demais pra mim. Pelo visto ela não havia entendido o poder das borboletas: seres que se transformam e vivem tão pouco.
A leveza em viver cada uma das metamorfoses quando tudo parece bagunçado demais. Neste instante a vida parece conduzir a voos mais sublimes.
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