A música tem aquela magia de transportar a gente para cenários incríveis. Sentimentos únicos também permeiam a melodia. Essa foi a ideia de várias senhoras e senhores. Sair do lugar tão parado e silencioso, que costuma ser uma casa, para agitar a alma nas cordas do violão.
Aprender um instrumento não é uma tarefa simples e que todo mundo pega fácil. Alguns nascem com uma aptidão que torna o aprendizado mais leve e fluído. Já uma parcela não vai tão longe assim. Segurar a corda com a ponta dos dedos e ainda ritmar com a outra mão não é moleza.
Já são 14h e pouco da tarde, e a aula começa com 15 alunos. A geração experiente diante do celular ou computador se posiciona com o violão e os óculos diante da tela. Do outro lado está o professor e a aluna Berenice que procuram ajudar os colegas com dificuldade na afinação. A lição do dia é ensaiar a canção que será gravada por cada um deles para o dia do idoso em Outubro. Hoje cada um deles deve entrar na parte demarcada pelo professor. A tarefa é pontual: tocar e cantar uma frase da canção. Cada aluno na sua hora.
Alguns dizem que a tecnologia aproxima, mas ao ver os alunos durante a aula é outra história. Rosa levanta já cansada da dispersão de alguns colegas que nem estão ali de tela e alma. Clara resolve ir na cozinha durante o ensaio para comer um bolo, afinal fome não tem hora. E o seu Juarez já não tem paciência com a falta de foco da turma, e não é que ele resolveu sumir da aula. Juarez desligou a câmera e procurou encontrar a paciência que os cabelos brancos já não tinham.
A aula arrasta e o professor já exausto despede a turma com o mantra: treinem para a próxima aula! A questão do tempo livre parece não ser o problema para eles. O ponto crucial mesmo é que os alunos desejam fugir do mundo apocalíptico controlado pela atenção, que agora parece estar vagando pelas ruas. O modo offline parece ser melhor.
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