Temperatura ambiente está altíssima, mesmo de máscara é possível sentir o aroma impregnante de temperos e a fila está fluindo. Estou dentro de uma pastelaria no quarteirão fechado na rua Rio de Janeiro. Estamos bem no centro de Belo Horizonte, aqui não tem praia. Ôoooo saudade do verão nas areias brancas. Por hoje temos que resolver umas questões da semana no centro mesmo.
Ainda é manhã, por volta das 11h e pouco, mas para ter aquela energia vamos tomar um café com leite com dois pastéis de frango cremoso. Hummmm após esse lanche temos uma maratona em bancos, farmácias e compras. Começo de 2022 cheio de compromissos rotineiros, porém necessários. O ordinário.
No centro de Belo Horizonte sempre surgem das ruas o personagem que mora no asfalto. Este ser sempre que possível pede algo para você. E ali na fila um senhor que aparenta ter mais de 60 anos clama por moedas para o seu almoço. Sua audiência parece cansada e incrédula quanto ao pedido.
Alguns desconfiados nem se dão ao trabalho de tirar as moedas que restam do mês anterior dos bolsos. E muito menos as notas frescas do início do mês. Uma mulher na filha resolve comprar dois pastéis para o senhor pedinte.
No momento que ela pede a moça do caixa, o senhor sai da pastelaria. E diante disso eu resolvo ir atrás do faminto. Que quando anúncio o milagre que ele tanto clamava, ele diz que não quer mais. Seu desejo é por dinheiro.
Pelo visto sua fome não parece ser tão grande assim. Ou melhor, ele deve estar faminto por outras coisas. Os pastéis vão mesmo para a mulher, que no seu ato de generosidade testou a fome que teve mais pressa por outras vontades.
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