O lugar era lindo, parecia uma cidade perfeita. Pessoas conviviam em harmonia e sonhos eram realizados. Claro que tinha aquele momento do ápice quando tudo parece desencaminhado na história e falta fôlego do outro lado da tela. E era nesta fase da trama que o final estava se aproximando. Nem sempre o desfecho nos agrada. Ele mostra a perspectiva do diretor com uma mensagem clara para o público.
Eu sempre gostei de filmes e de viajar na história na qual a personagem está vivendo. Fantasiava e me jogava nas possibilidades de estar ali sendo
ela e sentia cada emoção no decorrer da trama, isso tudo no decorrer do filme e também algumas horas depois da trama acabar e eu desligar a TV. E tinha o tal do intervalo em que aparecia uma jornalista de Minas para destacar algumas notícias do dia. Eu olhava e via na postura dela uma concentração em passar tudo de forma objetiva e sem perder um segundo na TV. Sua voz marcava cada sílaba da notícia e fazia você pegar de forma rápida o que era importante. Observava e por várias vezes pensava: como será a vida dela fora da TV? O intervalo sumia como aquela jornalista e eu voltava a vida de estudante.
Entre tantos planos e portas que a gente muitas das vezes tem que entrar até chegar no nosso lugar no mundo, fui parar na recepção de uma clínica veterinária.
Como recepcionista, você acaba, involuntariamente, entrando na vida das pessoas e captando algumas de suas particularidades, no simples fato de realizar um cadastro e agendar o banho do mascote da família. Meu dia na clínica se resume ao mundo pet: cadastros, agendamentos, preços e tudo que se refere a saúde e bem estar animal.
Em um dia, no qual não esperamos nada de especial, uma mulher entra. Ela tinha os cabelos ruivos, presos por um coque. Usava um vestido colorido, sandálias e carregava algumas sacolas na mão.
Ela queria tirar dúvidas quanto ao tempo certo da castração do seu pet que ainda iria chegar. Fala sobre o cachorro e mostro a ela uma foto do Xavier, um cachorrinho da mesma raça que frequenta a creche canina...um fofo, daqueles que nem parece de verdade. Pelo fato de, na hora, eu não ter a informação, resolvi pegar o telefone e o nome da futura tutora, assim eu daria um retorno logo que a veterinária me respondesse. No final da breve conversa, a cliente ao perceber que eu não lembrava o nome dela, repete, agradece e vai embora.
Perguntei para a veterinária a dúvida da mulher assim que tive a oportunidade. Abri a caixa de mensagem para digitar a resposta. E quando vejo a foto de perfil no aplicativo, uma familiaridade percorre dentro de mim...uma voz....clico pra ver de perto. Será ela? Não! Será que é a jornalista que eu via nos intervalos? Para desvendar minha curiosidade resolvi pesquisar no Google e nas redes sociais. E olha só....a mesma foto no perfil. Surpresa, falo: Meu Deus é ela mesmo!
Era ela do outro lado da bancada da recepção. Uma mulher de fala doce, risonha e com uma leveza de ser que na tela não dava para captar.
O tempo passou e um dia desses era eu do outro lado do celular pedindo ela para entrar em contato no número da clínica...desta vez eu que me senti aquela apresentadora que falava: mande seu vídeo para a nossa produção hahaha.
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