Uma das coisas mais difíceis é sair de cena das prainhas do Pontal. A vontade de morar ali pra sempre é bem natural assim que os seus pés tocam a areia branca e fina. Tudo ali é lindo. Mesmo resistindo a ir embora não temos outra alternativa, a não ser morar no condomínio. Bom, isso fica para uma outra oportunidade. Para sair temos dois caminhos: as escadarias ou uma trilha. Como eu e Aline havíamos atravessado parte da praia, e agora com a maré alta, não era possível voltar pelo mesmo caminho. O jeito era encarar a trilha.
Confesso que quando ouvi a palavra trilha imaginei algo bem simples e rápido. Mas ao entrar no caminho estreito, escuro e cheio de árvores fiquei bem apreensiva. Um caminho que você não vê o fim e tem a sensação de que a qualquer momento poderia aparecer algum bicho. Isso foi aterrorizante. Aline estava super de boa...aventureira que ela só, foi subindo e curtindo tudo ali. Já eu queria sair o mais depressa possível daquele lugar, pois estava com a impressão de que aquilo nunca acabaria. O detalhe de estar perdida foi ambientando mais ainda o medo dentro de mim.
A única solução ali era apressar os passos pra chegar na rua do condomínio. Então na prática eu subi correndo. Havia degraus e uma subida digna de definir o abdome, pernas e glúteos. E minha amiga só alertava para eu olhar para o chão. O lembrete dela fazia referência a eu estar atenta quanto aos possíveis animais que poderiam surgir no meio do caminho. Claro que eu só sabia correr e falar pra trilha: cadê o final?! Nisso a Aline ri e considera que estou brincando com a situação. Mal sabia ela que estava louca pra sair daquele lugar.
Depois de muito andar chegamos a rua principal. Ufa! Ao olhar a minha volta, vejo o quanto da incerteza do percurso causou desespero dentro de mim. Após o trajeto, fiquei pensando nas situações que posso estar passando ou que vou passar em que não verei a saída tão rápido. Algumas circunstâncias podem ser demoradas e o jeito vai ser manter a constância mesmo que o medo esteja bem próximo da minha pele.
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