Uma sala de espera tem um poder que só passando por ela para saber. Ali nas horas que parecem séculos tudo acontece dentro dos “pacientes”. Você vive como dentro de um confessionário, as pessoas querem dizer tudo...vai que é a última hora.
Entrei na experiência umas semanas atrás quando estava aguardando a saída da minha mãe do exame de rotina de endoscopia. A sala gelada já causa em você aquela tensão de forçar a espera. Não adianta tentar apresar, o tempo não obedece sua ansiedade: bem-vindo a sala de espera. Parte da eternidade você vai viver aqui. Não fique agitado. Relaxe! Nenhum esforço vai fazer acontecer mais rápido.
Ao olhar para o nada e tentar sobreviver ao frio uma mulher começa a desabafar. O clima no ambiente é a sua principal constatação que algo está prestes a acontecer. Seus relatos querem expor o nervosismo de viver uma “invasão” em breve. O que parece tranquilizar ela é que há 20 anos atrás o procedimento era pior, hoje ela fica mais “calma”. Mas algo na sala não está fluindo como ela espera.
O que a incomoda na sala e faz soltar sua indagação é por que eu e o homem ao lado estamos tão calmos. Ao perceber o questionamento dela respondo: eu estou de acompanhante. E o rapaz ao lado também estava aguardando alguém. Após ouvir isso, ela desaba de vez seu medo e começa a anunciar para as paredes que deseja que tudo passe rápido, pois já está sonhando com o almoço.
O medo parece gostar de companhia. A viralização dele faz a existência do mesmo ser mais natural. Ter medo em grupo ajuda a enfrentar o terror do que não se espera.
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